Neste fim de semana representaram a peça da autora italiana Letizia Russo, Fim de Linha, na Culturgest, integrado num dos festivais mais recentes e importantes do nosso país dedicado à escrita teatral para jovens: Panos - Palcos Novos Palavras Novas. O Festival congrega escolas de vários pontos do país que escolhem uma de entre quatro peças para levar à cena e que depois apresentam numa selecção final que se desenrola nos palcos da Culturgest em Lisboa.
Depois de ver a peça destes jovens, de 15-16 anos de idade, com uma energia e disponibilidade que fazem inveja a grande parte dos actores profissionais portugueses, demonstrando uma urgência e inteligência fora do vulgar, só posso pensar que, realmente, o teatro só não é mais frequentado em Portugal por inércia das pessoas, sim senhor, mas também porque os profissionais que habitam os nossos teatros são muitas vezes manifestamente incompetentes e preguiçosos.

A peça fala do poder e da sua perpetuação, mas também fala daqueles sobre os quais o poder é exercido e que determinam e sustentam da mesma maneira a hierarquia. O poder não é uma via com um sentido só. O poder é exercido porque há alguém que se sujeita a ele. Para além de ser cíclico. À partida podia ser um tema difícil para os jovens, a complexidade dos conceitos envolvidos permitia que as coisas fossem tratadas com leviandade, incerteza ou gravidade deslocada. Mas estes rapazes e raparigas conseguiram devolver-nos o pensamento do texto teatral com leveza e descontracção de tal maneira claras que tudo parecia fácil.
Foi isto que eu vi na peça de sábado do grupo de jovens de Tondela. Que satisfação e felicidade poder ter na mente a esperança de que aqueles jovens podem um dia vir a iluminar outros com a sua beleza e vitalidade.
Quando o teatro é assim vale mesmo a pena. Obrigado "Na Xina Lua"."
Aqui fica a crítica de Pedro Marques ao trabalho do Na Xina Lua.
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